O olhar


O dia em que conheci Guilherme, ele estava usando um tênis de “skatista”, uma bermuda azul, camiseta branca e um boné xadrez, moda da época. Seus olhos pretos como a escuridão, me chamaram a atenção, eles brilhavam tão intensamente quanto uma estrela, foi aí que notei que ele estava olhando pra mim. Nesse momento, o tempo parou, parecia que só ele era colorido no meio daquela multidão preto e branco. O Guilherme não parava de me olhar e, eu estava com os meus olhos fixados nos dele, até que Paulinha apareceu e o agarrou, deu um beijo nele, meu chão desapareceu. Paulinha, era uma patricinha que estudava no meu colégio, era atirada, e sempre tinha nas mãos os garotos que queria.
Fiquei com raiva e sai correndo.
No dia seguinte, não queria ir para a escola, sabia que iria ver Paulinha, não sabia se iria conseguir me controlar, ou daria um tapa no rosto daquela garota, mas fui. Por mais incrível que pareça, me controlei, pois estava vendo aquele Deus Grego, o Guilherme, ele havia se transferido para o nosso colégio.
Dias se passavam, e ele, toda vez que passava por mim, me olhava com aquele brilho nos olhos, mas Paulinha estava sempre grudada nele, parecia um chiclete.
Um dia, Paulinha percebeu o jeito que Guilherme olhava pra mim, e fez questão de derrubar molho de cebola na minha blusa, todos começaram a rir, e ela ainda teve a “cara de pau” de dizer na maior falsidade:
– Me desculpe, foi sem querer. Como é mesmo o seu nome?
– Claro. – eu disse. – É Larissa.
Ela virou o rosto, mas Guilherme pegou um guardanapo e me ofereceu, para poder limpar aquela meleca.
– Oi, eu sou o Guilherme, me desculpe pelo o que a Paula fez. – foi o que ele falou.
Disse-me o nome dele, como eu já não soubesse. E, porque ele a chamava de Paula enquanto todas as pessoas, até a diretora, a chamavam de Paulinha?
Eu não sabia o que responder, fiquei quieta, olhando concentradamente naqueles olhos negros, peguei o guardanapo, sua mão estava gelada como uma pedra de gelo. Ele deu um sorrisinho e se virou, foi para a mesa dos populares. Eu devo ter ficado ali parada por alguns minutos, e só despertei quando ouvi o sinal bater. Todos já tinham ido para as salas, mas o meu príncipe Guilherme estava parado na porta do refeitório me olhando. Comecei a suar frio, teria que passar por ele, fui andando lentamente, até que cheguei na porta. O Gui (como seus amigos o chamavam), foi andando ao meu lado, teríamos aula juntos. Ele falou:
– Sabe, você não sai da minha cabeça desde aquele dia no parque, em que você saiu correndo.
Meu coração bateu mais forte, e por algum motivo, tive coragem de falar:
– Então você estava realmente olhando para mim.
– Sim – ele respondeu, sorrindo. – Você me chamou atenção, seus olhos pretos como a escuridão, brilhavam feito uma estrela. Parecia que só você era colorida no meio daquela multidão preto e branco.
Eu parei de andar, era exatamente a mesma coisa que tinha acontecido comigo, a mesma coisa que eu tinha pensado. Falei isso, e quando ele ia responder, o professor abriu a porta e nos mandou entrar. Paula nos olhou, nervosa. Guilherme estava quase chegando na sua carteira, que fica ao lado da carteira da Paulinha, quando se virou, e saiu quase correndo em minha direção, me puxou e me deu um beijo. Todos aplaudiram, menos Paulinha e o professor, é claro.
Aquilo tudo parecia um sonho, e realmente era, acordei com os gritos do meu irmão caçula.









































Mas eu faria de tudo pra ser verdade.



texto de Português, não é real, a história não aconteceu, e o tal do Guilherme e a tal da Paulinha e da Larissa não existem.